sábado, 12 de maio de 2012

Vidas comprometidas


CAPÍTULO II

 O sinal tocou. Hora de ir para casa. Era a coisa mais desejada por Janne durante as ultimas seis horas em que estivera na escola. Só passou em seu armário para deixar seu pesado livro de matemática e imetiatamente seguiu de volta para casa.
  Todos na cidade comentavam o quão esquisita era a menina filha do senhor Parkson. "Mas a pobrezinha pode ser assim, por não ter uma mãe e por culpa do pai, aquele homem duro e amargo, bêbado e suicida" diziam entre si algumas senhoras que estavam sentadas num banco da calçada, fofocando sobre todos que passavam.
  O que ninguém sabia, era que Janne ainda tentava entender o que poderia ter acontecido com sua mãe naquela noite no bosque, no dia em que chegara da escola e não a encontrou em casa, imaginando que a mãe estivesse com algumas amigas. Foi quando o pai chegou, ja ao escurecer, que Janne começou a se perguntar onde poderia estar sua mãe , ligou para todas as amigas da mãe e nenhuma sabia onde poderia estar Margareth. O desespero tomou conta da familia, anoitecera e equipes de busca reviravam toda a cidade sem sucesso, até que decidiram esperar até o amanhecer, pois a escuridão tomara conta da cidade.
  Quando enfim Janne conseguiu adormecer, sonhou com o dia em que passara o dia de ação de graças com os pais no bosque, faziam um piquenique, aquele foi concerteza um dos melhores dias de sua vida.
  Janne acordou sobressaltada, lembrando-se que sua mãe havia desaparecido e lembrando-se  do sonho, do piquenique; precisava ir ao bosque, precisava estar no lugar onde com a mãe, tinha tido o melhor dia de ação de graças de sua vida. Era noite, mas que mal poderia ter? sua mãe estava desaparecida e ninguém notaria sua ausência, principalmente o pai, que ao passar pela sala o vira se embreagando e se culpando pelo desaparecimento da esposa. Janne Pegou o casaco e partiu rumo ao bosque em sua bicicleta que ganhará dos pais no natal passado, sem nem ao menos olhar para trás para saber se alguém a vira pegando a bicicleta na garagem e sumindo em meio á escuridão.
  Mesmo envolta de toda aquela escuridão, Janne tinha lágrimas que corriam em seu rosto que ao caírem sumiam no breu da noite, com a mãe desaparecida e com o pai embreagado,ainda assim, ela se sentia leve, como se a escuridão a acalmasse, como se voasse em meio aquele ambiente sombrio, um lugar desconhecido, que no momento, parecia como se somente ela soubesse onde encontrar.
  Chegando ao bosque, Janne se dirigiu para a clareira onde no dia de ação de graças, passara com seus pais. Foi na mesma clareira, onde naquele dia sua vida mudou. Janne ao se aproximar, viu um vulto ao chão, e mesmo assustada decidiu proseguir e descobrir o que  era, e a surpresa, era sua mãe, caída no chão, a mulher que ela passara a noite toda procurando agora estava ali caida. Jane correu o mais rápido que pode, ela não sentia seus pés tocando o chão, sentia apenas o vento da noite escura batendo-lhe contra o rosto e fazendo seus cabelos longos voarem, mas assim que Janne tocou sua mãe ja sabia, ela estava morta, ela sabia que não adiantaria em nada pedir ajuda, todos na cidade dormiam e seu pai estava com certeza caído em qualquer parte da casa bebado. Então o máximo que fez foi se abaixar, deitar a cabeça de sua mãe em seu colo e passar toda a noite ali, ao lado dela, acariciando-lhe os cabelos e o rosto, as lágrimas de seu rosto aviam desaparecido vendo a calma no rosto de sua mãe, aquilo apesar do momento, sempre a acalmava.
  Ao clarear o dia,  levantou-se e decidiu ir a delegacia, pedir ajuda, dizer que havia encontrado sua mãe desaparecida na noite anterior. Que ela mesma a encontrara enquanto todos da cidade dormiam.
  Quando Steven Parkson, seu pai, acordou da embriaguês da noite anterior, deparou-se com amigos enchendo a casa, carregavam flores e mais flores e de acordo com que Steven ia passando por eles estes lhe davam os pêsames, ele demorou algum tempo para entender o que acontecia, quando enfim conseguiu compreender, viu o corpo da mulher estirado dentro de um caixão no meio da sala, Jane e algumas amigas de sua mãe providenciaram todo o velório.
  Janne estava de pé, diante do caixão da mãe, ela tinha o rosto calmo e não chorava.
  Steven aproximou-se em choque, não sabia o que dizer e muito menos como agir, as lágrimas caiam de seu rosto como uma goteira que se abrirá com o tempo.
  Ajoelhado diante do caixão, o pobre homem se perguntava o porque de Deus ser tão injusto com pessoas boas, eles iam a igreja todo domingo, não era justo com ele e muito menos com Janne que ainda era jovem e precisava da mãe. Sim, a filha ainda era jovem, precisava da mãe, ele não poderia conversar e dar conselhos a filha sobre sua primeira transa com o namorado ou quem sabe ele jamais saberia o que dizer quando sua garotinha tivesse sua primeira desilusão amorosa, ela realmente precisava da mãe. Talvez aquele momento fosse só um sonho, ou melhor um pesadelo, toda aquela bebida da noite passada poderia ter-lhe causado aquilo. Steven agora olhava para a filha á sua frente o olhando, suas mãos tocavam as da mãe. Como eram parecidas, a filha concerteza herdara toda a beleza da mãe, pena que agora, era a única coisa que  restava-lhe para lembrar-se da mulher.
  A perda de Margareth foi mesmo um grande desastre para Steven e a filha. Mesmo que tentasse esquecer, Steven parecia sentir a presença da mulher em cada cômodo da casa, aquilo o torturava,até que chegou um momento em que não aguentava mais e decidiu mudar-se e esquecer aquela vida que teve com a mulher e os amigos que tinham em comum.


                                                                                                           *
  Perdidas em seus pensamentos, Janne nem notara que já estava em frente de casa. Uma antiga e velha casa, com uma pequena escada que dava numa varanda em estado precário, o assoalho estava repleto de pequenos buracos, com certeza feitos por roedores.
Ao entrar em casa, a garota se deparou com uma cena que já estava acostumada: O pai bêbado na sala, sempre que era dia de sua folga, o pobre moribundo afogava suas mágoas e a lembrança da mulher na bebida.
  Mais próxima do pai, Janne pôde perceber um fio de sangue que descia da testa do pai, percorria todo seu rosto e pingava na velha camisa pólo, que a menina já havia se abtuado a ver o pai usando.
  - De novo papai?será possível voltarmos a viver como antes?onde quer que a mamãe esteja, tenho certeza de que ela não gostaria de vê-lo nesse estado. Aposto como mais uma vez, encheu a cara e tentou subir as escadas para chegar ao quarto! um dia ainda irei chegar em casa e encontrá-lo morto. Já perdi a mamãe e não vou te perder. - Janne já havia pego algodão e alcool, e agora limpava o ferimento da testa do pai, como sempre fazia quando este se machucava. Steven resmungava qualquer coisa sem importância que a filha não compreendia, com certeza, estava ardendo, "mas que se dane, gostaria que aprendesse com isso, mas pelo visto você jamais aprenderá"- pensava a menina com seus botões.

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