sábado, 12 de maio de 2012

Vidas Comprometidas


CAPÍTULO III

  6:00 : O despertador tocou e Janne foi obrigada a levantar-se.
Como todas as manhãs, ela se arrumava, tomava seu café e ia para a escola. Ao chegar , se deparou com cartazes fixados em todas as paredes velhas de cor escura desbotada da escola,era o baile anual, a coisa que ela mais detestava.
  Todos da escola estavam super empolgados com tudo, alguns até discutiam em como deveria ser a decoração, uma grande perca de tempo de fato, pois a presidente do comitê de bailes, era ela, Suzan Morgan, era ela quem decidia tudo por ali, o tema, a decoração e até mesmo as músicas que seriam tocadas durante todo o baile.
  E falando no diabo, lá estava ela, toda cheia de si, rodeada por alunos que faziam-lhe mil perguntas.
  Janne passou por todos sem olhar.
  -E então, Junny, é isso não é esquisita?Você irá ao baile?-Era Suzan com seu sorriso falso, entre os alunos, que pararam e agora observavam Janne, com sorrisos debochados.
  -É Janne e não, não vou ao seu baile, por mais que eu queira ver mais uma de suas decorações de muito mal gosto, assim como suas roupas, não poderei ir - Rebateu sem nem sequer olhar para a patricinha.
  -Ah! com certeza não, afinal, aposto como ficará cuidando do papaizinho bêbado, para que ele não tente um suicídio, de novo não é?-Mais uma vez implicou a loirinha,enquanto todos a sua volta davam gargalhadas.
  Janne jamais se rebaixaria perto daqueles idiotas, seus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir as palavras de Suzan, ela poderia voar para cima da loira e destruir-lhe-ia a face pelo comentário sobre o pai, porém Janne era superior a qualquer um deles, simplesmente fingiu não ouvir e continuou a andar de cabeça erguida pelos corredores.
  Ela não sentia vergonha do pai, jamais sentiu e sabia que jamais sentirá, mesmo que o pai não largasse o vício, não tratasse da depressão que o torturava e pior ainda não esquecesse a mulher. Janne não desejava aquilo, que o pai esquecesse de sua mãe, mas se isso fizesse com que seu pai voltasse a ter uma vida normal, era o que devia acontecer.
  Janne com os olhos se enchendo de lágrimas e pronta para desabar num choro sem fim, corria em direção ao banheiro feminino, não poderia chorar ali, na frente de todos, precisava se manter forte, pelo menos até se trancar dentro de um banheiro. Infelizmente já na entrada, deparou-se com todas as amigas de Suzan, que brigavam por um espaço no espelho para que pudessem cada qual retocar sua maquilagem. Ela voltou no mesmo instante, e notando que ninguem observava, entrou porta a dentro no banheiro masculino. Não era costume dos garotos do colégio utilizarem o banheiro destinado para eles. Ela precisava ficar só, precisava deixar suas lágrimas saírem.
  Realmente, não havia ninguém no banheiro, nesse instante, suas lágrimas já corriam em uma espécie de maratona por todo seu belo rosto.
  De certo, ninguém utilizava aquele banheiro, mas ela não podia correr o risco de ser vista ali, chorando, no seu momento de fraqueza, ocasionado pelo impiedoso comentário de Suzan no corredor, diante de praticamente toda a escola. Naquele momento, de certo, todos já sabiam e comentavam o ocorrido e se a pegassem ali com seu pranto, certamente os burburinhos nos corredores seria maior quando ela passasse. Trancou-se então dentro de um dos banheiros reservados.
  Ali, sentada na privada, Janne tentava pôr seus pensamentos e suas memórias em ordem, tentando fazer o mínimo de barulho possivel com seus soluços, para não correr o risco de que alguém ouvisse, caso entrassem no banheiro.
  Alguns minutos depois, ouviu um barulho ao fundo, era o sinal, indicava o inicio da primeira aula, ela devia ir, mas não podia conter suas lágrimas e precisava ficar mais algum tempo com seus pensamentos.
  Poderia pegar o segundo horário, ninguém notaria que ela não estava lá, nunca notaram.
                                                                                                        *
  08:45 marcava em seu relógio de pulso lilás, já havia chorado o suficiente e organizara seus pensamentos no lugar, estava tudo em ordem, precisava somente lavar o rosto.
  Janne saiu e foi se olhar no espelho, aquela não era ela, seus olhos e seu rosto, estavam vermelhos; sua boca sempre viva, agora estava sem brilho. Encarou-se a si mesma por alguns segundos e abaixou-se para lavar o rosto, tentava fazer com que que voltasse ao normal, para que ninguém notasse que andara chorando.
  Ao levantar, seu coração acelerou-se tamanho foi seu susto.
  Refletido no espelho a sua frente, um garoto, ela jamais o vira antes e não devia estar ali, davia estar em alguma das centenas de salas estudando como todos os outros.
  O garoto era alto e magro com o corpo bem definido, deveria ter por volta de 19 anos, seus cabelos castanhos penteados de forma natural o deixava com um ar jovial, seus olhos verdes transpareciam segurança, sua boca era firme e sua pele branca, porém bronzeada.
  Ele não parecia se perguntar o que Janne estaria fazendo ali. Tinha apenas um pequeno sorriso no canto da boca, certamente estava se divertindo com o susto que a menina tomará a pouco.
  Sem nem sequer virar-se para se desculpar pelo fato de estar onde não devia, Janne pegou sua mochila que havia deixado cair no chão e saiu em disparada rumo á porta, esquecendo-se até mesmo de enchugar o rosto.Ao passar para o lado de fora, a menina sumiu em meio aos outros alunos, que agora saiam de suas salas rindo e se divertindo no mundinho deles.

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